Na última semana, a Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul promoveu uma audiência pública para debater a atual situação das ferrovias no estado. O encontro, realizado em Porto Alegre, foi proposto pelo deputado Miguel Rossetto (PT) e contou com a participação de diversas autoridades ligadas ao setor.
Durante a abertura, o presidente da Comissão, deputado Gustavo Victorino (Republicanos), destacou que o estado gaúcho estagnou no que diz respeito à malha ferroviária, enquanto países como Estados Unidos, China e Rússia seguem investindo fortemente no modal. “O transporte ferroviário é o futuro, mas também já é o presente em muitos lugares”, enfatizou.
O deputado Miguel Rossetto destacou a urgência do tema, principalmente após o colapso da ferrovia Lages/Barros Cassal, que foi gravemente afetada pelas enchentes ocorridas no ano passado. Segundo ele, a ferrovia tem importância estratégica para o transporte de combustíveis e, até o momento, não há investimentos anunciados para sua recuperação.
Rossetto também chamou atenção para o fim da concessão da malha ferroviária operada pela empresa Rumo S/A, previsto para 2027. Ele citou as diversas críticas recebidas pela empresa, como a ausência de investimentos e a má qualidade dos serviços, e defendeu uma reavaliação da logística ferroviária do estado. “A eficiência dos modais de transporte é essencial para o desenvolvimento econômico e para a qualidade de vida da população gaúcha”, pontuou.
Leonardo Cezar Ribeiro, secretário nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, participou da audiência e afirmou que o Rio Grande do Sul está incluído no planejamento nacional de expansão ferroviária. Para ele, o encerramento da concessão com a Rumo abre espaço para discutir novas soluções logísticas mais adequadas para o estado.
“O transporte ferroviário é uma forma eficiente de integrar o país, gerando emprego, renda e promovendo justiça social. Além disso, é um modal menos agressivo ao meio ambiente”, declarou Ribeiro. Ele também falou sobre o desafio de atrair investimentos para o setor e explicou que está em andamento um estudo estratégico sobre o futuro da malha ferroviária na região Sul.
O debate contou ainda com a presença de representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, de prefeituras do interior do estado, da Câmara dos Deputados e do setor industrial.
Todos os participantes reforçaram a importância de repensar a malha ferroviária do Rio Grande do Sul como parte de um projeto maior de integração nacional, que contemple não só os corredores Norte-Sul e Leste-Oeste, mas também os eixos regionais.
A audiência pública reforçou a necessidade de articulação entre os poderes públicos, o setor privado e a sociedade para garantir um futuro mais eficiente, seguro e sustentável para o transporte ferroviário gaúcho.