A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) manifestou apoio ao projeto do Porto Meridional, considerado decisivo para impulsionar a economia gaúcha. O presidente da entidade, Claudio Bier, afirmou que o empreendimento representa uma nova fronteira logística e econômica para o Estado, capaz de reter cargas que hoje são escoadas por portos catarinenses.
Segundo Bier, a construção do porto, prevista para o município de Arroio do Sal, deverá complementar a estrutura logística do Rio Grande do Sul, especialmente diante da crescente demanda da safra agrícola. “A Rota do Sol tem capacidade ociosa e pode absorver o fluxo de cargas que será redirecionado para o novo porto”, destacou.
Apesar do otimismo, o dirigente evitou estipular prazos para o início das obras, ressaltando que questões ambientais ainda precisam ser tratadas com diálogo e responsabilidade. O projeto enfrenta resistência de grupos ambientalistas, que apontam riscos como a perda de biodiversidade, contaminação da água, erosão costeira e impactos à vida marinha.
A empresa responsável pela proposta, Catarinense Terminais, firmou contrato de adesão com o Ministério de Portos e Aeroportos em outubro de 2024 para operar o porto na modalidade de Terminal de Uso Privado (TUP), conforme notificação da Antaq.
PREFEITO DE ARROIO DO SAL DESTACA IMPACTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS
O prefeito de Arroio do Sal, Luciano Pinto da Silva, também defendeu o projeto, argumentando que a geração de empregos e renda é urgente para a população local. “A maioria está desempregada. Quando compram arroz, feijão ou roupas, o imposto gerado vai para outros estados”, criticou. Ele afirmou ainda que mais de 50 estudos técnicos e ambientais estão sendo analisados por órgãos como a Fepam, o que, segundo ele, comprova a seriedade da proposta.
O prefeito rebateu as críticas dos ambientalistas, alegando que muitas delas têm cunho ideológico e desconsideram a realidade social da região. “Se as baleias passassem por outros portos, talvez não fossem problema. Mas aqui, dizem que vão morrer”, ironizou.
O projeto prevê a movimentação inicial de 17 milhões de toneladas por ano, com capacidade para chegar a 63 milhões. O investimento total é estimado em R$6,5 bilhões, com previsão de geração de mais de 12 mil empregos diretos e indiretos.
INDÚSTRIA DO AÇO REFORÇA URGÊNCIA NA IMPLANTAÇÃO
A Associação do Aço do Rio Grande do Sul, que reúne gigantes como Gerdau, Tramontina, ArcelorMittal e Marcopolo, também defendeu a implantação urgente do Porto Meridional. A entidade vê no projeto um ponto estratégico para escoamento da produção e fortalecimento do polo industrial de Charqueadas.
ANTÔNIO BRITTO ALERTA PARA A “MALDIÇÃO DO CARANGUEJO”
O ex-governador Antônio Britto, por sua vez, fez um alerta simbólico ao citar a “maldição do caranguejo” — uma metáfora sobre a resistência histórica a novos empreendimentos no Estado. “Quando um tenta sair do balaio, os outros puxam para baixo”, disse, referindo-se aos obstáculos enfrentados por iniciativas de desenvolvimento no Rio Grande do Sul.
Com o Porto Meridional, autoridades e representantes do setor produtivo enxergam uma oportunidade concreta de transformação para o litoral norte gaúcho e para toda a economia estadual.